COMUNICADO
Ao
fim de cerca de um mês da declaração do estado de emergência, a Associação Portuguesa de Deficientes
considera que as pessoas com deficiência têm sido pouco referidas nas mensagens
e nas medidas adotadas nesta fase de confinamento provocada pelo Covid 19. A
APD alerta para várias das circunstâncias que podem ser particularmente
gravosas para os cidadãos com deficiência.
Desde
logo a informação que, pese embora a preocupação em assegurar a língua gestual
nas conferências do Ministério da Saúde, não tem sido acompanhada da necessária
legendagem que para as pessoas com deficiência auditiva é fundamental, como
noutras situações e informações relevantes. E acresce o facto de ser escassa a
informação em linguagem fácil e adequada às pessoas com deficiência intelectual
.
Outra
grande preocupação nossa é a ausência de informação sobre a situação vivida,
sobretudo por pessoas com grandes deficiências, nos lares ou residências onde
estão confinadas. De que forma o surto da Covid 19 tem sido acompanhado nestas
instituições, qual a realidade e quais as soluções encontradas.
Também
se desconhecem os moldes em que a assistência pessoal, quer a prestada no
âmbito do Movimento de Vida Independente, quer por serviços da segurança social
ou das misericórdias, está a ser disponibilizada a pessoas com deficiência que
deles dependem para as tarefas de vida diária.
A
APD solicitou informação do Ministério da Educação sobre a acessibilidade do
ensino à distância para os alunos com deficiência e até à data não obteve
resposta. Que apoios educativos estão a ser disponibilizados aos alunos e aos
pais para que possam acompanhar este novo tipo de ensino.
Fica
em nós a sensação de que as pessoas com deficiência têm sido esquecidas nesta
situação de excepção, o que nos parece particularmente gravoso dadas as
condições de desigualdade em que essas pessoas sempre se encontram.
A
Associação Portuguesa de Deficientes tem consciência da gravidade do momento
vivido por todos os portugueses, perante a ameaça do vírus SARS Cov-2, e
expressa a sua absoluta disponibilidade para apoiar, com o seu conhecimento e
experiência, tudo o que possa ser feito nesta fase difícil. Nomeadamente
naquilo que ajude a minimizar as dificuldades das pessoas com deficiência.
Lisboa, 20 de abril de 2020